Julgamento de Major Carvalho por narcotráfico é adiado na Bélgica

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O Tribunal Correcional de Bruges, transferido provisoriamente para o "complexo Justitia", em Haren, Bruxelas, decidiu nesta segunda-feira (23) adiar para o dia 12 de novembro o julgamento que apura a remessa de 15 toneladas de cocaína. Entre os acusados estão o belga Flor Bressers, de 37 anos, e o brasileiro Sérgio Roberto de Carvalho, de 65, conhecido como “Major Carvalho”, apontado como um dos maiores narcotraficantes do mundo. O processo, batizado de Samba, reúne outros 32 acusados e investiga a importação de 16 toneladas de cocaína para a Bélgica, atribuída a uma rede internacional comandada por Carvalho. Relatórios da Europol, porém, indicam que a dupla pode ter movimentado muito mais: pelo menos 45 toneladas em apenas seis meses, alcançando cifras próximas de meio bilhão de euros. Segundo informações da RTBF (Rádio e Televisão Belga da Comunidade Francesa), o processo ficou paralisado depois de uma série de incidentes na última quinta-feira (19). A audiência foi interrompida quando advogados e réus deixaram a sala em protesto contra uma decisão do juiz Frederik Gheeraert, presidente do tribunal, que havia proibido o uso de mesas e tomadas elétricas por razões de segurança. Mais tarde, a sessão terminou de forma abrupta após a expulsão de dois advogados pela polícia, ao tentarem se manifestar sobre a restrição. Desde então, a defesa já apresentou sete pedidos de suspeição, incluindo um contra os três juízes do caso. Na sexta-feira (20), houve também uma solicitação de afastamento do próprio Gheeraert, que se recusou a sair. A decisão ficará a cargo da Corte de Apelação de Gante. Esse tipo de manobra processual vem se tornando cada vez mais frequente nos grandes julgamentos de tráfico de drogas na Bélgica, principalmente após o vazamento de mensagens criptografadas da plataforma Sky ECC, em 2021. Segundo o tribunal de Antuérpia, “o que deveria ser uma exceção virou rotina nos casos de entorpecentes”. O procurador-geral de Bruxelas, Frédéric Van Leeuw, acusa as defesas de abuso: “O objetivo não é proteger a imparcialidade do juiz, mas esticar o processo ao máximo para depois pedir a suspeição”. Brasil – As investigações apontam que Carvalho, também conhecido como "Pablo Escobar brasileiro", explorava falhas em portos brasileiros, como os de Natal (RN) e Paranaguá (PR), para garantir a logística do transporte da droga até a Europa. O esquema envolvia empresas de fachada, advogados e até especialistas em finanças internacionais para assegurar a lavagem do dinheiro. Ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, ele foi expulso da corporação em 2018. Já havia sido condenado no Estado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas em 1998 e, mais tarde, por usar “laranjas” em movimentações milionárias. Em liberdade, mudou-se para a Europa, onde continuou atuando. Para escapar de uma condenação na Espanha, chegou a forjar a própria morte por COVID-19 em 2020, apresentando um atestado de óbito assinado por um esteticista, o que levantou suspeitas da polícia. Sua prisão ocorreu em junho de 2022, na Hungria, quando usava um passaporte mexicano falso. Em junho de 2023, foi extraditado para a Bélgica sob forte esquema de segurança. Além do processo europeu, ele também enfrenta pedidos de extradição feitos pelo Brasil, pelos Estados Unidos e pela Espanha. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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